
Editora: LeYa
Nossa protagonista nasceu nesse mundo mas do lado errado da história. Maris era uma confinada à terra, ou seja, humana que não nasceu na família de voadores e que nunca iria poder voar. Filha de pescador, ela foi adotada ainda na infância por um voador experiente chamado Russ que via nela uma voadora mesmo que nunca pudesse chegar a ganhar os céus. Por anos Maris usou as asas de Russ até que nasceu Coll, o seu primogênito, que deveria reivindicar as asas do pai quando chegasse na idade adequada.
Maris mesmo não sendo filha sanguínea da “casta” dos voadores era uma excepcional voadora. Ninguém negava que tê-la nos seus era uma dádiva. Entretanto, as leis dos voadores eram antigas e arcaicas. E Maris então ousou rompê-las.
A obra é divida em três grandes partes: TEMPESTADES, UMA-ASA e A QUEDA.
Não há capítulos e isso torna o ato de pausar a leitura no dia-a-dia frustrante visto que terão que fazê-los nas quebras de parágrafos, isso se vocês forem como eu que não consegue pausar enquanto não conclui um capítulo.
Acompanhamos Maris desde a infância até chegando a velhice onde seus olhos e ouvidos a traem e todos que conheceu morreram há tempos. Lemos sobre os seus feitos históricos, as rupturas causadas quando tentou ter as asas de seu pai Russ para si e as consequências desse ato a longo prazo na história dos voadores.
Foi muito bem construído o muro invisível que divide os voadores dos Senhores da Terra e confinados à terra. Existe uma hierarquia que parece nunca ser quebrada e junto dela os privilégios oriundos de um passado tão distante da história que é questionável a sua veracidade visto que tudo parece ser passado oralmente. Enquanto os voadores e Senhores da Terra são tratados como iguais, os confinados à terra já são um nível abaixo, é a massa que respeita os dois mais altos e o tratam quase como deuses chegando a acreditar que tocar na asa de um voador traz sorte. Saber que uma garota decidiu trazer questionamentos sobre isso me deixou muito empolgado, os autores deram um empoderamento a personagem que traduz bastante a mulher moderna da vida real que não aceita mais o que mundo antiquado dos homens dita.

Admito que não considerei uma leitura rápida, levei dias para terminar e ainda assim decidi retornar depois de meses para reler afim de avaliar se todo esse mundo fantástico criado por George R. R. Martin e Lisa Tuttle valia mesmo o tempo gasto lendo ou se eu havia somente consumido cegamente um material escrito pelo vô George e o aceitei como espetacular. Conclui que SANTUÁRIO DOS VENTOS é um enredo bom, faz um comparativo a nossa sociedade atual - e olha que a obra foi escrita lá na década de oitenta - onde se batalha para deixar no passado os costumes tradicionais arcaicos que são tão excludentes quanto preconceituosos. Só reconfirmei o meu amor pela mente de George R. R. Martin e passei a admirar Lisa Tuttle que até então desconhecia.
Os personagens secundários construídos são muito bem descritos, percebe-se o cuidado em criar as suas histórias personalidades, até os meros coadjuvantes em cenas tem pitadas das suas histórias pessoais apresentadas ao leitor que pode muito bem decidir se lhe é útil ou não conhecer.
E o que falar dos cenários... Ah, mesmo com as silas dando um baita medo me vi tentado a morar nas Ilhas do Oeste para desfrutar das tempestades constantes e seus efeitos na terra pois viver no calor não dá certo.
Na edição física a capa maravilhosa fica por conta do artista que admiro muito: Marc Simonetti. Há um mapa logo na terceira folha que contribui para nos situarmos nas localidades. As páginas são amareladas, e a fonte das letras e o espaçamento das linhas são em tamanho agradável aos olhos. LeYa arrasou na edição mesmo ela em seu miolo sendo muito semelhante aos livros lançados no passado da série As Crônicas de Gelo e Fogo.
Com narrativa em terceira pessoa, SANTUÁRIO DOS VENTOS é uma ótima pedida para os leitor que buscam um enredo fantástico e que não querem topar com aquele romance dramático clichê pois a protagonista Maris é tudo menos romântica.
Oiee,
ResponderExcluirrealmente para quem é fã de livros de fantasia, esse, com certeza supri o que promete.
Eu não gosto do gênero, me cansa demais.
Ainda mais sabendo que o livro não tem capítulos, me frustra muito
Oi, Helana ^^
ExcluirRealmente, essa falta de capítulos foi algo que me incomodou bastante na primeira vez que li. Não sei qual foi o intuito ao não criar os capítulos, se foi algum desafio dos autores ou teste do tipo de leitor que o livro se destinaria, vai saber.
Obrigado pela visita no blog. :)
Abraços.
Eu sou super fã de fantasia e adorei essa sua dica de hoje.
ResponderExcluirGosto muito dos livros do George Martin e tenho certeza de que vou gostar dessa história que ele escreveu em parceria com a Lisa Tuttle. Já li outros livros que ele escreveu em parceria com outros autores e o resultado sempre me agradou!
Uma pena que o livro não tenha divisão em capítulos... Acho que vou ter que ler de uma vez só então!! kkkkk
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Eu não sou de ler fantasia, mas uma exceção são os livros do Martin, apesar que sempre que vejo um novo trabalho dele, me pergunto porque ele não conclui os livros da Cronicas de gelo e Fogo antes de lançar coisa nova... rs
ResponderExcluirAnotei essa dica aqui e espero conferir em breve.
Beijos
Oi, Ivi ^^
ExcluirRealmente da a impressão que ele lança vários projetos e nada de sair as continuações de As Crônicas de Gelo e Fogo, mas o que ocorre é que os livros chegam atrasados aqui no Brasil. Santuário dos Ossos para você ter noção foi lançado em 2003 e só agora chegou por aqui. Queria entender como ocorre esses acordos para fazer demorar tanto sair obras antigas. :(