E AÍ, GALERINHA, tudo bem com vocês?
Por aqui ainda tudo um tanto quanto estranho. Não, o título chamativo da matéria não é um
click bait nem nada sensacionalista. Ele traz a verdade mais pura, sarcástica e seca dessa declaração – de uns tempos para cá, eu simplesmente não quero mais ler.
Da mesma forma que isso assusta a quem lê, assusta a mim. Veja, eu escrevo, e cada vez mais tenho percebido que o que eu quero é escrever, e não ser escritor. A vida é engraçada mesmo, irônica, e quando conseguimos determinado objetivo, reparamos que nem sempre é o que ambicionávamos. Seja pela frustração, pela horrível tensão que existe no meio em que somos inseridos, torna-se fácil deixar um sonho escapulir entre os dedos enquanto se toma uma xícara de café.
Por que eu estou falando essas coisas e divagando assim? Isso aqui era pra ser um espaço de dicas felizes e sorridentes, não? Acho que sim, mas nem toda dica precisa ser necessariamente o que é esperado dela: hoje vamos falar sobre não ter vontade de ler. Você já sentiu? Eu aposto que sim.
Eu tinha uma matéria prontinha pra hoje falando sobre o apego emocional a livros que estão estragados, coisa que todo leitor tem. Pois são 20:13 da noite do prazo de entrega da matéria e me vi deitado na cama, encarando a pilha de livros da foto acima. São todos títulos que peregrinei e separei daqui de casa para eu ler ao longo do ano. A tal da “meta de leitura”. O único que toquei e li do início ao fim desde que 2017 começou foi… Um que não estava previsto nesse monte de livros.
Quando comecei a ler – sou péssimo em cálculos, então vamos chutar – há bons 16 anos atrás (como isso soa difícil de dizer e mostrar a idade) eu não tinha internet em casa. Meu avô tinha, mas pra que ela servia? Para jogar games em flash no site da
Cartoon Network e fazer uma pesquisa bem básica de imagens. Redes sociais eram uma total utopia, o mais próximo disso era o incrível e saudoso
MSN (falando nele, como era mais sincero que o
Facebook). Fotos bonitinhas de livros? Uma rede toda de pessoas se conectando através da literatura? Nossa, impensável na transição entre os anos 90 e 2000. Eram os livros que estavam mais presentes no meu dia a dia do que qualquer outra realidade virtual, até aquelas enciclopédias antigas eram mais companheiras.
Fazendo uma pesquisa sobre livros infantis e juvenis, na minha própria prateleira e no Google, redescobri este livro acima -
Sete Desafios para ser Rei - e ele me marcou bastante, mas o coitado estava esquecido na minha estante. Na orelha tem uma marca dizendo o ano em que o li, 2006, eu estava na 6ª série do ensino fundamental. Ele não me marcou pela história, apesar de eu amar e defender a jornada do herói dessa estrutura narrativa, os elementos fantásticos a sensação de
steampunk que tem nela. O livro também não me marcou naquela época, mas tem cicatrizes que, de maneira curiosa, só notamos muito depois que começam a doer.
Sete Desafios para ser Rei me marcou por pertencer a uma fase em que eu lia por prazer e nada era mais gostoso do que fazer aquilo.
E os dias voaram, eu cresci, e até uns bons dois anos atrás eu li com vigor. Sempre comprava livros (não que ainda não seja seduzido por muitos) e os lia imediatamente, e ansiava por mais, e era conhecido na família por ser alguém que amava a literatura. Isso sempre foi muito claro pra mim. E por este amor que escrevo aqui na coluna e agora faço uma pergunta bem íntima – qual foi a última vez que você leu qualquer coisa por prazer?
A geração internet não é feita para o bem pessoal. A ideia de “personal computer” é bem distante em um mundo que temos inúmeras formas de integração e contato. A gente não faz mais nada pela gente, e generalizo porque estou convicto de que cada um já publicou uma foto, fez um texto e afins pensando nos outros, não em si mesmo. “Será que vão gostar?”, vivemos nos perguntando isso e atire a primeira pedra quem nunca o fez. As coisas chegaram a um nível de atrapalhar os nossos pequenos momentos: tem ato mais gostoso do que pegar um café, um livro que você quer ler e ficar na sua?
Mas agora não fazemos mais isso. Postamos pra todo mundo ver o que estamos lendo. Somos condicionados a ler determinadas coisas. E se às vezes eu realmente não quiser ler um nacional hoje? E se, às vezes, eu não estiver a fim de bater meta de leitura? Se eu ler 10 livros no ano por prazer, vale muito mais do que 120 lidos meramente por uma competição. Sabe o que isso causa? Um termo que gosto de chamar de engessamento. Ao nos vermos engessados, incapazes de nos movermos por conta própria, perdemos a vontade legítima pela leitura.
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O "Eu Invisível" - The OA |
Então façamos o seguinte – ao fecharmos nossos computadores e deixarmos os celulares de lado, vamos pegar aquele livro que queremos ler para nós. Não para postar em lugar nenhum, nem para falar pra alguém que está lendo. Vamos ler em segredo, vamos preservar o nosso “eu invisível”. Quanto mais pensarmos nele, melhores pessoas e leitores seremos ao longo da vida.
Por: Delson Neto
Olá
ResponderExcluirAs vezes a gente pode mesmo desanimar de algumas coisas, e até de ler, mas calma, que pode ser uma fase e apenas isso. Gostei muito do seu texto e das reflexões desenvolvidas nele. Acredito que devemos ler quando tivemos vontade e não sobre pressão... pelo menos eu penso assim né..
Beijos, Fer
www.segredosemlivros.com
Obrigadi pela leitura, Fer! Fico muito feliz por ter gostado <3
ExcluirOi!
ResponderExcluirAlgumas vezes bate um desânimo. Às vezes as leituras atuais não são exatamente o que queremos ou são obrigatórias do momento. Pode ser só uma fase para você, espero que ela passe.
Procure livros que você tenha interesse em ler e deixe os outros para outro momento. ^^
Beijão!
http://www.lagarota.com.br/
http://www.asmeninasqueleemlivros.com/
Voltando aos poucos a me desenferrujar nisso. Obrigado pela leitura e conselho, Cris!
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