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COM TEMÁTICA QUESTIONÁVEL CONHEÇA UM DOS PRIMEIROS TÍTULOS NACIONAIS PUBLICADO PELA DARKSIDE INTITULADO DIÁRIO DE UMA ESCRAVA

Por Bruno Marukesu •
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
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Laura é uma menina sequestrada e jogada no fundo de um buraco por alguém que todos imaginavam ser um bom homem. Ela vê sua vida mudar da noite para o dia, e passa a descrever com detalhes sinistros e íntimos cada dia, cada ato, cada dor que o sequestro e o aprisionamento lhe fazem passar. Estevão é homem casado, trabalhador, pai de família, mas que guarda em seu íntimo uma personalidade psicopata. Ele percorre ruas e cidades se apossando da vida de meninas ainda muito jovens, pois dentro de si uma voz afirma que é dele que elas precisam. Mergulhando fundo nessa fantasia, ele destrói vidas, famílias e sonhos, deixando atrás de si um rastro de dor e morte.
 Narrado em parte em forma de diário, o livro acompanha mais de quatro anos da vida de Laura em um buraco embaixo da terra, período em que algo dentro dela também se modifica de uma forma inimaginável em busca da única maneira para sobreviver.
 Através de Laura, raptada ainda adolescente por um homem que ela chama de “Ogro”, a autora denuncia os diversos tipos de violência que muitas mulheres são obrigadas a suportar em silêncio e nas sombras da sociedade. O “Ogro”, um homem aparentemente comum, honesto e “acima de qualquer suspeita”, mantém Laura presa em uma casa afastada, onde abusa dela sexual e mentalmente, alegando ser ela o seu verdadeiro amor. Laura, compreensivelmente, só pensa em escapar dali. Mas agora ele parece estar mudando. Será que é o melhor momento mesmo para fugir?... Bem, isso você vai ter que ler para descobrir.

DIÁRIO DE UMA ESCRAVA conta a história triste de Laura que foi sequestrada há quatros e é mantida dentro de um buraco por um cara asqueroso que ela apelidou de Ogro por não saber o nome do seu agressor.

 Ela já perdeu a noção do tempo, e a luz do sol esqueceu completamente como é. Os únicos momentos em que sabe que deve haver hora é quando Ogro entra no buraco ora para trazer comida ora para a estuprar. Os estupros se tornaram tão rotineiros que depois de um tempo a violação não choca mais a personagem, ela se torna praticamente uma submissa quando chega o seu dominador.

 No decorrer do enredo, que possui narrativa em primeira pessoa, temos a descrição detalhada do local onde Laura se encontra e as lembranças da época tão boa que precedeu o seu sequestro. A autora tem uma escrita simples e fluída que te prende e faz devorar o livro com espinhos e tudo, mas me incomodou profundamente quando parei para refletir que as cenas repetitivas de estupro se tornaram desnecessárias, JÁ DEU PARA TERMOS NOÇÃO DE COMO É TREMENDA A DOR DA VIOLAÇÃO! E essa repetição e o fato de como a visão de Laura para com o Ogro muda drasticamente me fez ter a impressão de que o estupro sendo rotineiro e que o agressor usando certas atitudes condiciona a vítima a se apaixonar por ele. Aliás, esse parece ser o pensamento de Ogro que depois de um tempo passa a dizer que ama Laura quando sabemos que o circo está é se fechando, ainda mais por ele voltar a sequestrar outras garotas demonstrando não estar satisfeito com a Laura.

 A partir do momento que Ogro decide levar a nossa protagonista para outro lugar temos uma transformação no enredo. A esperança de escapar volta a brilhar nos olhos de Laura, mas o temor persiste ao saber que outras gurias iram sofrer na mão do Ogro e ela, agora sendo egoísta, não vai fazer nada para impedir, só sobreviver.

 Nesse ponto, ao meu ver, a autora cometeu um erro tremendo que prejudicou a minha leitura que estava sendo muito boa e reflexiva mas que após esse ponto rebaixou para um enredo equivocado, cancerígeno e perigoso. Rô Mierling deturbou a Síndrome de Estocolmo! Se o enredo já era um choque, com esse equívoco na definição da síndrome veio como um tapa na minha cara. Tive que recorrer ao google para reafirmar o que já sabia sobre esta síndrome visto que me via em dúvida por vários parágrafos e eis que, sim, Rô a traduziu erroneamente e o leitor atento perceberá que em momento algum Laura sentiu atração por Ogro, nojo foi o tom de boa parte da narrativa, assim como o pensamento de fugir; isso tudo foi arrancado abruptamente pela autora que negou o que Laura vinha pensando, abusou da fragilidade dela para empacotar de qualquer forma a personagem nos sintomas da síndrome. É revoltante!!!

 Concluo dizendo que a obra possui um enredo que serve como denúncia, mas que no fim foi mal desenvolvido.

 Com uma edição linda em capa dura pela editora DarkSide, a obra possui páginas amareladas, letras relativamente grandes, capítulos curtos e as laterais das páginas numa miríade de cores que lembra como deve ser a visão de alguém que fica meses sem ver a luz do sol diretamente.

 Recomendo a leitura no sentido do "o que não fazer na construção de um enredo". Como a leitura é relativa para cada pessoa, quem sabe a sua será diferente da minha, mas fica o alerta caso se decepcione.

Por: Marukesu

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