
Conversava com uma amiga o que faz alguém se apaixonar por um traste. Chegamos à conclusão que é a carência. É a carência que faz a gente ligar para o ex depois de algumas doses de bebida, é a carência que nos leva a um relacionamento extraconjugal, é a carência que faz a gente tolerar o inamissível. Palavras dela: é a carência que faz a gente entrar em qualquer supermercado e comprar qualquer comida para saciar a fome.
É, tenho que concordar. Viemos de uma cultura onde as mulheres foram educadas para acreditar que é possível mudar o comportamento do companheiro, que se deve insistir numa relação que é sabido sua falência, enfim, que é a responsável por salvar uma relação.
As coisas estão mudando, eu sei. Hoje as mulheres estão mais voltadas para a satisfação de si mesmas. Levou-se muitos anos para chegar até aqui com essa liberdade de escolha. Mas quando a questão é carência pode ser homem, mulher, bissexual, o João, a Maria, não importa quem seja, estará condicionada a ser refém das migalhas do sentimento. É preciso ter muita inteligência emocional para não tolerar certas artimanhas. Porque, como se sabe, sem autoconhecimento não se atinge o amor próprio.
Se vale algum conselho, não se acostume com o que não te faz bem. Se o cara diz que a ama e logo em seguida ofende, o que te faz pensar que isso é verdadeiro? Amar requer mais do que palavras verbalizadas, presentes e beijinho de boa noite.
Se o cara tem ciúme dos seus amigos, diz o que você pode ou não fazer, mexe no seu celular, invade seu espaço, o seu modo de ser, o que te faz pensar que ele apenas está a protegendo? Se você vive uma relação onde traz à tona o seu pior ao invés do seu melhor, o que te faz pensar que isso vai mudar?
A vantagem de amadurecer é esta: de não me relacionar com quem não presa por uma boa conversa, com quem não é pontual, com quem não tem bom humor. Se você não é canalha, se não grita com os outros, por que teria que tolerar que faça isso contigo?
Se você atingiu um grau de maturidade já percebeu que ninguém é responsável por te fazer feliz. Que a felicidade, essa tal busca, depende mais da gente mesmo do que aqueles que nos cercam. Se estivermos em uma boa companhia é apenas melhor.
Na verdade, se aprendemos alguma coisa com os erros vamos nos dar conta que é a carência, o medo, a insegurança que faz com que tornemos paranoicos.
Leva-se uma vida para perceber que a violência é um ciclo que repete o tempo todo. Porque sim, é uma violência contra nós mesmos insistir no que não vai vingar. Para sair desse ciclo, basta que nunca, jamais, nos acostumemos com aquilo que não nos faz bem.
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