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LADO PERVERSO QUE LEVAMOS ENTRANHADO

Por Leandro Salgentelli •
sábado, 18 de maio de 2019


Pode estar um dia ensolarado, ou chuvoso, pode ser no trânsito, no trabalho – até mesmo em casa – não importa onde estivermos sempre iremos ter que lidar com o que muitos não gostam e tantos outros defendem afinco: a política.


A política está em tudo, desde o surgimento da bíblia até a barbárie que nos cercam. O Deus que tanto pregam é a pura política. A idolatria é a política. As nossas relações, os nossos silêncios diante da vontade do grito, também e a política.

Essa coisa está no sangue, na forma como a gente se expressa, no pudico e no perverso, na tolerância, na audacidade, no correto. A política é imunda tal como nosso corpo.

Quando você não tem nenhuma indisposição com um amigo, quando você não expressa o que discorda, não verbaliza o que pensa, e mais: não consegue se opor no casulo que vive, não é apenas polido ou educado, você é político.

Se você é muito rico não é a sorte que está a seu lado, tampouco seus méritos, mas, sim, a política infiltrada nesse universo que habita. Se você é muito pobre não é a consciência de classe que vai te levar para algo melhor, tampouco seu esforço, tampouco a sorte, mas, sim, sua ambição certamente influenciada pelo estabelecido.

Observe: a política está desde o aperto de mão até o atravessar no sinal vermelho. O ar que você respira é a pura política. Para qualquer lado que olhar você verá o infortúnio, uma barreira que nos leva a integridade.

A política é um câncer que está nas nossas células. Ela acorda e dorme conosco todos os dias. Ela é o diabo onisciente, onipresente, e o mais doloroso saber, é onipotente. É um câncer que não morre e que passa geração a geração.

Não há velha política, nem nova. A política é só uma. Ela é tão egóica que não admite dividir espaço. Ela não avança. É intacta. Não se movimenta. Ela está entranhada. A política é uma droga que vicia e seu efeito é a cegueira, a manipulação que circula entre nós.

Como destacou Dado Villa-Lobos na música O mal é contagioso: “Fala pra mim pacato, fala pra mim mulher responsável, fala pra mim singelo, fala pra mim homem do bem: teu pensamento criminal é calculado ou passional?”.

Não importa onde estivermos, em qualquer lugar no mundo vamos ter de lidar com o que há de mais perverso: nós mesmos. Porque somos a política. Somos esse treco que não transcende, que não evolui.

E por não transcender e não evoluir, dia após dia, ficamos refém da hipocrisia e da falsa modéstia.

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