“Ano novo, vida velha. A vida é mais do que calendários, fusos ou órbita gravitacional”(Carlos Heitor Cony)
É muito pedido à meia noite, muita retrospectiva, muita tinta de caneta gasta, muito tempo passado no celular a percorrer redes sociais, em busca do que se viveu ou de como ser daqui por diante.
Para o novo ano, não é que, de repente, haverá plena paz, nem justiça; nem os homens se entenderão e tirarão os olhos de seus umbigos, já que egotismo não se cura com calendário novo. Também não adianta achar que dá para sair às ruas de alma e bolso abertos a qualquer hora da noite, pois não é que a Constituição de repente haverá de ser cumprida.
Também não será preciso bolar listas de boas intenções, metas literárias, nutricionais, aeróbicas e espirituais. Meta pede para ser guardada no coração e ser acessada junto às coisas menos percebidas e mais desejadas.
O bom é fazer novo o ano novo, fazê-lo do novo, sem deixar que o que for velho e não faz bem siga seu encalço.
Ano novo é para não se arrepender dos dias pregressos, e sim, apostar um pouco mais naquelas sementinhas guardadas do vir-a-ser.
Talvez não seja imperioso cruzar as taças e contemplar as bolhas em comemoração desordenada e casa cheia, mas corajoso seria deixar a vida borbulhar dentro de si, sem artifícios.
Ano novo não deveria ir para o bolso, em projeto de futuro de longo prazo, tem que estar a postos, feito espada na bainha, porque para se tornar real é preciso que o realizador acredite em seu poder, se não, ficará preso no passado.
“Metáforas são para aproveitar em versos”, disse Quintana. Para o novo ano, vamos torcer para que a alma fique apenas livre.
E não deixe de olhar para o céu, não pelos fogos postiços, mas, quem sabe, com a sorte do ano novo, possam ser observadas estrelas silenciosas que expliquem através de suas gravuras, sem monotonia, que não existem mesmo barreiras ou contagem regressiva para o amanhã.
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