Em 2198 um revés mudou a realidade mundial de forma esperada, inesperada e assustadora. E com o Brasil não foi diferente, tempos escuros dançaram sobre o território até que a consciência humana finalmente compreendesse que precisava evoluir e respeitar, por assim dizer, mas quando foi que isso significou a inexistência de problemas? Há algo sob a sombra do berço esplêndido e tudo está relacionado.
Ena nasceu neste mundo consciente e finito. Sua mãe Naira ajudou a fundar o CCDP e seu pai, o Alto Oficial Amir Dias era um Resgatante.
O atentado de 2396 ao CIA mudou tudo, seu pai morreu como herói e caso foi arquivado nas sombras do tempo. O passar dos dias nada trouxe além de culpas indiretas sobre um grupo que só veio a crescer no decorrer dos anos em oposição ao controle biométrico e outras coisas.
Agora Ena é uma mulher forte e focada, mas aquele dia a persegue, a impunidade vez ou outra ressoa nos temporais sem aviso que visitam os distritos.
O mais importante a saber é que em sua mente foi encerrado o destino de todo um país e para alcançar a verdade que ainda ignora existir, Ena precisa alcançar o seu objetivo... se tornar uma oficial das Forças Distritais do Brasil.
A busca por essa lembrança mudará tudo, para além do seu controle e de si mesma, mas para entender, ela deve retroceder aquele dia, o atentado, e compreender a profundidade do provérbio africano Sankofa que se manterá onipresente até o fim, pois... Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para atrás.
O ano é de 2407 e muita coisa mudou no planeta terra a começar por chuvas fortes que se transformar de repente em tempestades, destruindo tudo que veem pela frente; essa belezura foi causa pelo ser humano que destruiu e interferiu no ecossistema, que antes era perfeito, até ele dizer chega e se revoltar .
Ficção científica é algo que adoro demais e a autora soube muito bem modificar o território brasileiro e nos apresentar um novo sistema para controlar o desperdício seja de alimentos como também da água. O capitalismo foi extinto, assim como os acúmulos de terras, dando lugar a um sistema básico de sobrevivência onde você não pode pegar mais do que deve para se manter ao curto prazo de uma semana, tudo é checado e computado através do Centro de Controle de Distribuição Pública (CCDP). Mas por conta do grande controle do CCDP que tanto se aperfeiçoa existem cidadãos contra as atualizações do ACI (Aparelho de Comunicação Integrada) que intervem destruindo a privacidade de todos, pois tudo que o cidadão fizer é registrado para poder haver o controle e os furtos aos recurso HBN serem evitados.
A sociedade criada pode até parecer utópica, mas conforme adentramos o enredo nos é revelado as adversidades sutis que ocorrem e isso fica em evidência nos momentos em que a nossa protagonista, Ena, é perseguida por outro recruta sem motivo aparente mas que sabemos que é por ser uma mulher tentando ocupar um cargo elevado.
Logo no início da obra manchetes de jornais em gradativas épocas mostram como o planeta caminhou para catástrofes nunca antes previstas, boa parte do litoral brasileiro foi invadido pelo mar e habitar não é mais viável por lá pois em algumas áreas há constantes tempestades que destroem tudo. Presenciamos uma modificação dos territórios e a maneira de administrar o país, e isso torna a obra mais do que importante, ela é essencial!
Convincente é pouco para descrever a tamanha aflição que senti ao ver pequenos detalhes que hoje ignoramos se tornarem algo irremediável nesse futuro apocalíptico criado pela Ain-Zaila.
Para quem acha que o futuro será melhor (In) Verdades mostra que não será bem assim.
Os personagens criados são um brinde a parte, você se identifica com eles e fica na ansiedade para que a trajetória de todos seja vitoriosa, que passem lutando pelas provas cansativas que um recruta tem de enfrentar para ser um Alto Oficial. Amizade é o que define eles, sem pestanejar um defende o outro e se preocupam, de fato, com cada um que adentrou o círculo social. Se fizermos uma análise da nossa sociedade atual onde todos buscam se autopromover ou viver isoladamente, o ano de 2407 é um modelo admirável de se ver e seguir. Com certeza levarei para a vida essa lição que há tempos tento seguir: de me importar com o próximo mesmo que seja tão fácil ficar parado e pensar só em mim.
Tenho que dar destaque a construção da personagem Naná onde a autora criou toda uma tradição linda para se guardar a sabedoria do povo indígena ao qual Naná está inserida. É lindo demais ler! ❤
Com uma construção poderosa, a narrativa da obra é na maior parte em terceira pessoa, mas com momentos específicos em que adentramos a mente de diversos personagens secundários, incluindo pessoas misteriosas que estão envolvidas no atentado que vitimou o pai da Ena, isso traz um toque de paranoia tamanha para tentar adivinhar quem são as pessoas embora algumas consigamos deduzir.
Não encontrei furos no enredo, mas algumas falhas de edição do físico foram notas seja na repetição de uma palavra, local errado de uma palavra na construção de uma frase e repetição no rodapé de uma página ( o número 281 teimava em aparecer em páginas aleatórias) que não era para estar lá, mas fora isso nada que possa trazer incomodo, vai ver tenha sido a minha obra em específico que por algum motivo adverso veio com esses erros.
A edição física possui uma capa poderosa mas que poderia ter sido melhor trabalhada para tirar o ar amador que apresenta. Com letras grandes e espaçamento satisfatório as páginas são amareladas e os capítulos relativamente curtos; aliados a escrita fluída e de fácil compreensão da Ain-Zaila proporciona uma leitura prazerosa e rápida, me contive para não devorar a obra em uma só noite e poder desfrutar ao máximo o futurístico ano de 2407. Senti falta de contra-capa e orelha pois trazem uma maior preservação/proteção para o físico.
Para um primeiro livro de uma duologia (In) Verdades cumpriu perfeita com o seu propósito de nos introduzir a um Brasil futurista apocalíptico. É possível conhecer bastante da nossa protagonista Ena e do que ela é capaz para cumprir os seus objetivos, qualquer dúvida a cerca do cenário nacional no futuro foi respondido. Só me resta esperar ansiosamente pela continuação para saber o que Ena irá aprontar afim de proteger a sociedade brasileira da corrupção dos fan.bers.
Recomendo a obra para todos que buscam um futuro seja ele distópico, apocalíptico ou utópico da sociedade brasileira e mundial; que tem sede por mulheres girl power em papel de protagonista e que é contra a todo e qualquer tipo de preconceito e intolerância em qualquer nível. 🌙
Oie, tudo bom?
ResponderExcluirGente, primeiramente a capa chama MUITO a atenção!
Eu adorei a edição também, amo esse tema de mundo pós apocaliptico (sempre que termino de ler, me sinto feliz por simplesmente viver em um mundo normal :p)
Espero poder ter a chance de ler em breve!!
Beijos!
Oi pessoal, abri uma comunidade no G+ para divulgar infos da Duologia Brasil 2408 e outras notas literárias.
ExcluirE usem o cupom @fretezero2408 para adquirir o livro sem pagar frete.
Até breve e nos vemos na Bienal 2017.
https://plus.google.com/communities/101971485234167020896?sqinv=cjJxeWg4YURpRlZ3Wlp2c2xjSUM1SEJFSFdZUS1B
Um livro para ler com muita atenção para na perder nenhum detalhe importante, uma história no futuro e que o ser humano nunca poderá ser totalmente livre da sociedade.
ResponderExcluirAté mais.
Muito obrigada Bruno pela resenha sincera e fico muito feliz que tenha gostado da estória e que não tenha furos de narrativa, a coisa mais importante para um autor quando faz uma obra de grande porte, principalmente sendo eu uma novata.
ResponderExcluirJá em relações aos errinhos de digitação foi vacilo de principiante que não costumada ao aceitar/recusar exclusões do editor, marcou a opção errada... ai ai, mas felizmente foi uma impressão pequenina e a próxima vai sair redonda.
E te enviarei outro exemplar.
Bjs. novo amigo
Não tenho especial interesse por narrativas fututísticas, mas estou bem curiosa com esse livro devido ao consistente trabalho de apresentação da Lu Ain-Zaila e principalmente por ser uma obra que rompe com padrões e (sub)representações de gênero e raça na literatura. A sua resenha me deixou curiosa com o enredo e essa será uma dad leituras desse ano.
ResponderExcluirOi pessoal, abri uma comunidade no G+ para divulgar infos da Duologia Brasil 2408 e outras notas literárias.
ExcluirE usem o cupom @fretezero2408 para adquirir o livro sem pagar frete.
Até breve e nos vemos na Bienal 2017.
https://plus.google.com/communities/101971485234167020896?sqinv=cjJxeWg4YURpRlZ3Wlp2c2xjSUM1SEJFSFdZUS1B