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Parágrafos, por Mai Passos G: Quando a chuva passar.

Por Mai Passos G •
segunda-feira, 3 de abril de 2017



Boa tarde gente linda da tia Mai. Primeiro, peço desculpas pelo sumiço, mas estava sem notebook, então escrever e entrar no Blog era impossível, semana passada resolvi o problema e agora voltei, e voltei cheia de novidades!

A primeira é que "Quando a chuva passar" vai contar a história da Tainá e do Scott e será o último postado aqui no Blog! Agradeço a todos vocês por acompanhar esse série! É uma honra ter vocês como leitoras!

A segunda é Aurora sob as Estrelas vai virar LIVRO! Sim, será um livro com oito contos! Serão os 4 primeiros contos postados aqui e mais 4 inéditos que darão continuidade a esses quatros, então teremos mais de Dulce e Christopher, Anna e Nick, Juliana e Juliano, Tainá e Scott! Será postado na Amazon e o Kindle Unlimited com preços super acessíveis! Quem puder comprar pra ajudar a Autora aqui agradeceria muito, afinal vivo de escrever! O bom é que a Amazon já aceita cartão de débito!

Essa será a capa:



A terceira e última é: VAMOS SORTEAR UM APARELHO KINDLE! Isso mesmo, quem adquirir Aurora sob as Estrelas e Perdida em seu Coração, esse segundo livro da Suellen Mendes, colunista aqui no Blog e avaliar la na Amazon vai concorrer a um Kindle! Fiquem ligados que vamos publicar todo o regulamento na pagina da Editora Independente!

Vamos para o último conto que é embalado pela música "Quando a chuva passar" da Ivete Sangalo!


Escute Aqui

Quando a Chuva Passar

Pra que falar
Se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada
Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade um dia vai acabar


Tainá

Eu tinha uns doze anos quando decidi que meu sonho era casar. Toda de branco, com um cara que chegaria na igreja em um cavalo-branco.
Quando completei treze decidi que garotos eram nojentos.
Aos catorze dei bem primeiro beijo.
Na minha festa de quinze jurei casar virgem, dois dias depois perdi ela com meu primeiro namorado.
Eu vivia em constante mutação. Sempre mudando. De lá pra cá, de cá pra lá. Não gostava de ficar sempre num mesmo lugar. Por isso fiz faculdade no Rio de Janeiro e decidi fazer meu mestrado em Nova York. Minha família tinha dinheiro suficiente pra isso. Meus pais era meio nômades, por isso, atualmente, eles estavam morando em uma cidadezinha litorânea do Rio Grande do Sul, Aurora, onde por, coincidência ou não, era a cidade Natal da minha então melhor amiga Isabella.
Oi, meu nome é Tainá, tenho 29 anos e tenho problemas com relacionamentos, e nesse momento estou discutindo por whatsapp com meu atual caso. Scott, um Psquiatra delicia, filho de um canadense com uma brasileira que morava e trabalhava em Nova York.
Eu estava voltando a Aurora, e ele não tinha gostado da ideia porque tinha medo que eu não voltasse. Ele meio que estava tentando me impedir de ir, o que ele ainda não sabia é que eu fazia a porra que eu quisesse e ele não tinha que se meter.

Scott eu tenho 29 anos e sei muito bem o que fazer da minha vida”
Seu problema é essa Tainá, você vive fugindo”

Sinceramente? Não sei porque as pessoas acham que eu fujo de relacionamentos, eu não fujo, simplesmente eu não gosto de me prender. Liberdade era minha única garantia de sanidade, afinal, nós sabemos muito bem o que acontece quando esses historinhas de amor do seculo 21 acabam: ou todo mundo fingi que não sente, ou, se descabelam chorando. Bom, eu, não gostava de nenhuma das duas opções. A vida é bem preto no branco pra mim, ou é tudo ou é nada. Sem meio termo. Sem mentiras. Eu nunca menti para o Scott, eu gostava dele, de verdade, eu só não queria jogar minha liberdade na primeira lixeira que eu encontrava.
Simples.

Scott

Tainá era, na minha nada humilde opinião os ser mais irritante, e ao mesmo tempo, extraordinário do universo. Seu jeito absoluto de viver como, tudo ou nada, me encantava. Seus cabelos sempre coloridos, seus olhos verde-água, e sua boca suja me encantaram de tal forma que eu sabia estar ferrado, definitivamente.
Nesse momento eu esperava uma resposta dela para a minha última mensagem: Seu problema é essa Tainá, você vive fugindo”
Mesmo tendo a certeza de que jamais teria a minha resposta eu esperei como um verdadeiro idiota. Já estávamos nesse rolo há quase um ano, tanto é que tive que negar ser seu psiquiatra depois do que aconteceu com Isabella, apenas atendida a amiga dela ao qual não tinha ligação nenhuma.
Levantei da minha mesa do consultório e esfreguei os olhos com as mãos, eu estava exausto. Tainá e sua mania de fugir me deixavam assim: cansado e estressado. Porque, logo eu, tinha que me envolver com alguém tão doida assim?
Scott – ouvi a voz de Ashley do outro lado da porta – estou indo.
Ok – gritei para que me escutasse – eu vou ficar mais um pouco.
Não se mate de trabalhar – Ashley meteu a cabeça pra dentro da minha sala e sorriu com compaixão.
Ashley e sua esposa, Tamia, vinham a meses servindo como minhas conselheiras amorosas. Deu pra notar o desastre ne? Eu um psiquiatra precisando de ajuda amorosa.
Não vou – prometi – daqui a pouco eu saio.
Se precisar, nos ligue, eu e Tâmia adoraríamos receber você lá em casa.
Obrigada – agradeci.

Porque você não responde a droga da mensagem. Grita, me enche de desaforo, mas não faça silêncio Tainá. Isso é um saco”

Voltando a minha mesa enviei mais uma mensagem para Tainá e de novo recebi esse maldito silêncio dela.
Droga! Maldita garota maluca!

Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar
Tainá

Já havia passado duas semanas desde a última mensagem que recebi de Scott, e eventualmente eu já estava em Aurora. Desde aquela última mensagem que recebi dele me pedindo para não fazer silêncio, para falar qualquer coisa eu sentia um peso no peito. Como se tivessem largado um saco de cimento de 50 quios no meu coração apenas pra mostrar o quanto alguns sentimentos podem realmente pesar.
Scott havia se tornado presente em cada pensamento meu, sonho e até mesmo dos meus sorrisos escaços, mas presentes escondidos no canto de minha boca, como agora. Eu parecia uma idiota com uma caneca de chocolate quente na mão, olhando pela janela André e Isabella discutindo, e pensando naquele psiquiatra gostoso pra caralho.
Hey – ouvi a voz de Roberta, amiga e cunhada de Isa, atrás de mim – que você está espiando aí?
Aqueles dois idiotas, que se amam e não admitem, discutir de novo!
Isabella e André são um caso perdido – Roberta se juntou a mim, em seus braços a pequena Alexandra ressonava – todos sabiam que eles se gostavam, só eles que não viam.
É muito desperdício de tempo – resmunguei – ficar brigando ao invés de se resolver.
Isa, ainda tem medo dele encostar nela?
Não, não mais. Ela o conhece o suficiente pra saber que ele jamais a macucaria.
Esses dois – suspirou – ainda levar tempo, caso, ainda haja tempo. Isabella está tão destroçada. Talvez…
A gente precisa ter fé.
Eu sei – corrigiu – e o seu psquiatra?
Não acredito que a Isabella te contou!
Não – Roberta se defendeu – você fala dormindo.
Meu jesus coroado – revirei os olhos – caso passado.
Não parecia enquanto você chamava por ele.
Foi só um sonho.
Eu também sonhava assim quando me separei de Diego no início do nosso namoro.
Roberta!!! - meio que gritei ela me olhou feio por causa da bebe – ok, desculpe, mas é sério. Esquece.
OK! - a vi revirar os olhos.
Nós duas nos calamos e acompanhamos o desenrolar da discussão do lado de fora, vi Isabella abraçar André, e encaixar sua cabeça no peito dele, e se alguma forma senti como se minha amiga estivesse de novo em casa. E aquele sentimento de pertencer a algum lugar tomou conta de mim, como sementinha de feijão posta de um algodão, floresceu. Li uma vez que lar, muitas vezes, não era um lugar, mas uma pessoa. Talvez fosse por isso que meus pais mudavam tanto de lugar, não importa onde estivessem, um sempre seria o lar do outro.
A sensação abrasadora de pertencer, a alguém, a mim, ou a um lugar me tomou e de novo Scott veio em minha mente. Por algum motivo, desconhecido, ele me lembrava o fogo nos olhos de Héstia, a deusa do lar.

Scott

Será que Tainá me acharia um louco perseguidor quando eu contasse como a encontrei? Ok não foi difícil, eu sabia que seus pais, atualmente moravam em Aurora no Brasil, e que Isabella também era de lá. Por ser cidade pequena, não foi difícil achar o endereço dos pais dela e bom, nesse exato momento eu estava parado na frente da casa deles, dentro de um carro criando coragem para ir falar com ela.
Parece meio perseguidor, mas, eu jamais estaria aqui se não tivesse certeza de que Tainá, talvez, mas só talvez, pudesse sentir o mesmo por mim.
Vinicius de Moraes um dia escreveu:
Que não seja imortal (posto que é chama)
Mas, que seja infinito enquanto dure.”
Eu precisava daqueles infinitos com Tainá. Pelo simples e puro ato de poder amá-la, todos os dias, infinitamente, quantas vezes eu pudesse. Porém, isso não dependia só de mim, mas principalmente dela, amor é uma via de mão dupla. Ninguém ama sozinho.
Olhando para as minhas próprias mãos vi o motorista do Uber me observar pelo retrovisor como se esperasse eu tomar coragem e ir logo resolver a droga do problema que eu tivesse.
Olha guri – ele sorriu amigavelmente – vai lá e fala tudo pra ela, diz logo o que sente e se ela disser “não” você vai pra casa e bebe umas cachaças, aqui no sul a gente tem umas bem boas.
Obrigado – sorri e fiz sina para ele encerrar a corrida.
Até o motorista do Uber estava me dando conselhos amorosos, também depois de passar o caminho todo despejando meus problemas no ouvido dele, até ele se compadeceu.
Saindo carro peguei minha pequena bagagem de mão. Minhão mão direita foi até o bolso da calça e ali apertei um pequeno pacote que fazia tudo arder. O amor era tipo a Tainá, louco e extraordinário. Eu estava a um passo de fazer uma loucura, mas quem sabe funcionasse. Se com Tainá era tudo preto no branco, eu faria tudo de papel passado.

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão
Tainá
O dia estava nublado e o frio estava cada vez pior, fazia 6 graus mas a sensação era de menos 100. Meus pés estavam congelando, e olha, que era acostumada a ao inverno rígido de Nova York. Peguei a xícara de café e pus na pia, ouvi o barulho da porta e em seguida as vozes vindo da sala. Revirei os olhos, deveriam ser mais dos amigos malucos dos meus pais, esses dois tinham um ímã para gente com problemas na cabeça.
Contornando a mesa fui em direção a sala, meus pais tinham dinheiro, mas gostavam de casas pequenas, afinal eles nunca ficavam mais de um ano, Aurora era a exceção, já estavam aqui há três.
Entrando na sala dei de cara com a última pessoa que esperava ver: Scott.
O que você está fazendo aqui? - perguntei já me aproximando.
Vim te ver – o sorriso que ele me deu, me lembrou, de novo, aquele chama viva.
Scott – o puxando pela mão comecei a sair com ele para a rua.
Filha – ouvi minha mãe - está frio, seu amigo vai congelar.
Não vai não mãe.
Batendo a porta na cara dela e do meu pai que não estavam entendendo nada, arrastei Scott até a entrada para carros.
Você tá louco? Como me achou aqui?
Não foi muito difícil – aquele sorrisinho cafajeste brilhava no canto da boca dele.
Corta essa, Scott – bufando, cruzei os braços sobre os seios e o mirei – vai me dizer ou não o que está fazendo aqui?
Já disse – ele deu um passo e sua mãe foi de encontro a minha bochecha – vim te atrás de você.
Porque não esperou eu voltar para Nova York semana que vem?
Porque fiquei com medo de você não voltar.
Se esqueceu que vou depor no julgamento do Steven?
Eu..eu não lembrava.
Gênio – sorri.
Tainá – seu tom até então suave ficou sério – porque você não respondeu minha última mensagem?
Você queria que eu disse o que?
Qualquer coisa, eu aceitaria qualquer coisa.
Até que eu não quero mais nada com você?
Você, o que?
Scott – sorri, e engoli em seco – eu acho que tudo isso que a gente teve foi muito bom, o sexo era incrível e blá, blá, blá, mas eu nunca menti sobre o que queria e o que sentia.
Eu sei! - vi seu rosto contorce-se em dor – sempre foi honesta sobre o que queria, mas eu achei…
Achou errado – bufei – sinto muito, mas, eu…
Já entendi – o vi se afastar – é melhor eu ir.

Scott não me deixou dizer mais nada e foi em direção ao portão onde eu fiquei o assistido ir.
Porque antes parecia tão fácil e agora que ele estava indo o resto todo parecia desmoronar?
Porque meu coração estava tão apertado que senti como se fosse sufocar?
Vi Scott ir, sem nem dizer adeus. Ele apenas deu as costas e foi embora. Ele nem tentou me dissuadir.
Assisti de camarote eu mentindo na cara dele, porque havia um pânico dentro de mim me impedindo de dizer o que realmente queria. Quando o vi na minha porta aquele medo de perder a tal da liberdade me consumiu, da unha do pé ao último fio de cabelo, ligando altamente os sinais de alerta de que Scott queria algo que relutei minha vida toda pra ter: lar.
Fiquei ali parada, com a garganta fechada e os olhos cheios de lágrimas que desciam sem pedir permissão. Deixei o único cara que me lembrava os olhos de Héstia sair da minha vida com as palavras mais rudes e egoístas que eu podia dizer.
Scott se foi e meu medo me impediu de ir atrás dele. Passei minha vida criando regras e passando por todas as transformações que ela nos permiti. Então, quando eu mais precisava usar minha liberdade pra dizer o que eu realmente sentia a mesma sensação de perdê-la me paralisou.
Eu perdi.

FIM.




















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1 comentários:

  1. Mai do céu! Eu adorei!! Mas como assim essa Tainá deixa o Scott partir? Esse conto precisa de uma continuação e um final feliz!!!

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