Oi, gente! Tudo bem?
Hoje iniciarei um novo projeto com vocês. Ensina-me a amar é um conto dividido em quatro partes.
Ambientado no século XIX, este romance nos mostra como uma carta mudou completamente a vida não apenas de duas pessoas, mas de duas famílias!
Espero que este enredo os envolva tanto quanto Sete dias para se apaixonar , que atingiu aproximadamente 4000 visualizações, e Christmas Dreams , que mesmo nas férias de final de ano chegou a mais de 1500 visualizações. Eu agradeço demais pelo carinho e por todos os comentários que vocês deixam nas postagens.
Abigail estava desnorteada com a carta em suas mãos. Tristeza e saudade pesavam em seu peito mediante ao nome de seu irmão recém-falecido escrito no espaço do destinatário. Infelizmente aquela carta havia chegado tarde demais... na verdade, ela nunca iria, de fato, chegar ao seu destino.
A jovem estava dividida entre o decoro e a curiosidade. Abigail sabia que não era moralmente adequado ler a correspondência alheia, porém seu irmão já não estava mais aqui para chamar-lhe a atenção quanto isso; além do mais, talvez fosse adequado escrever ao remetente em resposta, explicando-lhe o que havia acontecido com Alberto. Assim, ela finalmente cedeu à curiosidade; reclinou-se sobre a cadeira, aproximando-se da mesa, de modo a repousar os braços logo após romper o selo do envelope e retirar o papel cuidadosamente dobrado.
“Espero que esta carta lhe encontre bem. Escrevo-te, pois novamente preciso desabafar. As coisas com Maria não estão muito tranquilas. Minha mulher passa por uma gravidez complicada e depois do que houve na ocasião em que Ricardo nasceu, temo que o pior venha a acontecer. Apesar de ter aceitado esse casamento apenas porque era de interesse de nossas famílias, não gostaria que nada de mal lhe acontecesse. Sua delicada situação, no entanto, tem-lhe azedado o temperamento e as coisas estão ainda mais difíceis entre nós.”
Suas palavras e a forma como descrevia a sua situação com a esposa fizeram-me sentir solidária a sua causa. Afinal, eu mesma há poucos meses desposara Luís devido apenas aos interesses de suas famílias. O fato da esposa passar por uma gravidez delicada fez-lhe instintivamente, tocar a elevação condizente ao bebê de cinco meses em seu ventre.
O texto continuava a tratar sobre a vida do homem que escrevia a carta. Era pessoal demais, e em um determinado momento sentiu-se culpada por lhe invadir a privacidade, afinal o texto não lhe era direcionado. Estava prestes a descartar a leitura quando encontrou um parágrafo que a surpreendeu:
“Agora, Alberto, peço-lhe licença para comentar a respeito do último texto que me enviastes. Sua irmã tem uma sensibilidade que me encanta, pergunto-me: como é capaz que alguém consiga colocar em um pedaço de papel tanta intensidade e paixão? É realmente uma pena que ela precise se ocultar sob o nome masculino; mas reconheço que se as outras pessoas soubessem que quem escreve os textos no jornal é uma jovem senhora de vinte e um anos não lhe dariam o devido crédito. Se essa escolha fosse minha, porém, eu gritaria ao mundo que é ela quem os escreve.”
O que Alberto havia feito? Como o irmão podia ter contado ao amigo a respeito da verdadeira autoria dos textos que ela escrevera para o jornal? Isso era constrangedor e inaceitável. Se o irmão estivesse ali para ouvi-la, certamente iria sofrer de uma forte dor de cabeça quando ela tivesse terminado. No entanto, a forma como ele a elogiava, como considerava uma pena o fato dela não poder ser reconhecida por seu trabalho - e mais, o fato de dizer que por ela Abigail não viveria na obscuridade - a amoleceu. Abigail sentiu o peito apertar e ao término da carta estava com os olhos ardidos pelas lágrimas mal contidas. Antes que pudesse pensar se o que estava fazendo era realmente a coisa certa a ser feita, a jovem pegou sua caneta-tinteiro e começou a escrever uma resposta a carta de Juan.
- Vai sair, queria? – perguntou Luís ao ver sua esposa e a dama-de-companhia caminharem em direção à porta.
- Sim, meu senhor! Irei ao correio entregar esta carta. – disse mostrando-lhe o envelope que continha sua cuidada caligrafia. – É a resposta a carta que o amigo de meu irmão lhe mandou. Nela explico-lhe sobre o que houve com o Alberto.
Os olhos de Luís enterneceram-se ao ver a dor da perda refletida no semblante de Abigail.
- Tudo bem. Mas, por favor, não demore. Não é bom ficar muito tempo na rua em seu estado delicado.
- Não irei demorar. – com um beijo no rosto do marido, Abigail se despediu.
Enquanto caminhava ao correio, a jovem se questionou mil vezes se deveria realmente enviar aquela carta; entretanto, rapidamente afastou a incerteza e finalizou o envio. Sim, aquela era a coisa certa a ser feita! Que ele a perdoasse se estivesse sendo tão intrometida e tempestuosa!
Quase duas semanas depois, finalmente a carta de Abigail chegou ao seu destino.
- Com licença, senhor! – disse a jovem criada parada à porta do escritório. – Sua correspondência. – ofereceu ao homem uma pequena pilha com seis cartas. Eram documentos, contas, textos em busca de sua avaliação para o jornal, entre outros escritos. Porém, ao ver o nome de Abigail Nunes Alencar, Juan deteve-se ao envelope rasgando-lhe e saboreando cada uma das palavras da moça que há meses permeava o seu pensamento.
Quando Alberto procurou Juan para lhe confidencializar a respeito dos textos que sua irmã mais nova escrevia; pedindo-lhe uma avaliação para publicá-los (sob um pseudônimo masculino) no jornal em que Juan Castilho era editor; o homem, de trinta e três anos, sentiu-se subjugado ao perceber a intensidade das palavras contidas naqueles papéis. Abigail era extremamente talentosa, e conseguia lhe fazer voar para longe de seus problemas com as suas palavras. Desde então a jovem dama não saía de seus pensamentos, levando-o a questionar quem realmente ela era. O homem queria saber como era a sua aparência, ansiava por uma imagem sua e, por vezes, questionou-se o quanto dela estava contido em suas personagens.
Juan fantasiava com o rosto de Abigail e com sua voz sussurrando-lhe os versos ao ouvido. Porém, agora, ele não mais precisava sonhar com o que ela lhe diria se tivesse oportunidade de conhecê-lo e de saber o quanto seus textos lhe tocavam; desta vez estava tudo ali, era real. Ela abrira o coração para ele. Juan sentiu sua tristeza ao relatar a trágica morte do irmão em um acidente enquanto este ia à Santos. As manchas no papel o ajudavam a criar a nítida imagem de Abigail chorando sobre o papel. A emoção contida no reconhecimento de que perdera o amigo o fez solidário a jovem e ele se viu limpando as lágrimas em seu rosto.
O homem constrangeu-se por saber que ela tinha tomado conhecimento sobre sua situação (não tão feliz) com a esposa; todavia a forma como Abigail lhe pedia para ter paciência com a mulher, ainda mais estando esta tão fragilizada, o fez abrandar seu constrangimento, principalmente ao ver que Abigail poderia compreender melhor do que ele o que Maria estava sentindo ao saber sobre os riscos de sua gravidez, uma vez que ela mesma – Abigail – também estava fragilizada por sua gestação e pela recente morte do irmão, o que não lhe facilitava em nada o estado delicado em que se encontrava.
No entanto, Juan preparava-se para o que ainda estava por vir. Abigail até aquele momento não havia comentado nada a respeito de seus comentários com relação ao texto que ela escrevera para o jornal. Ele sabia que a jovem iria se aborrecer por Alberto ter-lhe contado a verdade sobre a autoria das obras, e ela – realmente - não lhe decepcionou. Esbravejou na carta pela indiscrição do irmão, fazendo-o rir ao confirmar o quanto ela era passional; porém, foram suas palavras finais que o tiraram de sua “bolha de serenidade”.
“Obrigada por não achar que eu devo me esconder, isso significa muito para mim!”
Juan não sabia exatamente o porquê daquilo, mas algo dentro dele lhe fez ver que aquelas palavras também significavam muito para ele. Então, antes que perdesse a coragem, cometeu uma imprudência. Juan escreveu uma nova carta, entretanto, desta vez o destinatário era a jovem senhora Abigail Nunes Alencar.
Tenham um ótimo final de semana!
Eu achei a narrativa um pouco truncada e cansativa por se tratar de um conto. Acho que neste formato, a história poderia ser mais rápida e dinâmica.
ResponderExcluirMEU AMOR PELOS LIVROS
Beijos
Oi, Ivi! Tudo bem?
ExcluirObrigada por deixar a sua opinião. Levarei em consideração.
Beijos!
Continuarei acompanhando,pois viajo em cada leitura. 😍
ResponderExcluirParabéns! ❤
Camila, sua linda! Muito obrigada!
ExcluirEntão pode pegar o seu passaporte para um nova viagem no sábado!
Beijinhos, flor!