
- Vini, por favor, ele atirou em você?! Como podes dizer que estás bem?
- Mas graças a Deus foi superficial. Né, irmãozinho? – Vicente falou ao se aproximar. – Como se sente?
- Bem. Mas o que você está fazendo aqui? – eu realmente estava surpreso por vê-lo entrar na ambulância conosco.
- Eu te liguei a pedido do papai, a Mel atendeu e contou o que estava acontecendo, chamei uma ambulância e a polícia no caminho pra cá. – explicou.
- O Walter está na delegacia, por sorte o Oscar reagiu e conseguiu deter o agressor. – Mel disse referindo-se à ajuda dada pelo segurança do prédio em que ela mora.
- Não se preocupe, mano, o papai vai cuidar de mantê-lo na cadeia por um bom tempo.
Assim que chegamos ao hospital, fui atendido pelos médicos da emergência, Mel precisou ficar do lado de fora aguardando pelos procedimentos clínicos e agradeci mentalmente por Vicente estar com ela. O efeito da anestesia foi me fazendo ficar grogue a ponto de perder os sentidos. Acordei em um apartamento no Hospital Valdivias, olhei para todos ao redor, minha mãe, Pedro e Thaís estavam no quarto, mas não havia sinal de Mel.
- Cadê a Mel? – perguntei para o meu amigo.
- Ela precisou sair tem umas duas horas, mas já deve estar voltando. – explicou.
- Francamente, espero que essa mulherzinha fique bem longe. Tudo isso é culpa dela.
- Você não sabe o que está falando, Mãe. Nada do que houve é culpa dela.
- Claro que é. Está em todos os jornais, Vinícius. A culpa foi daquela discursão estupida entre você e o marido dela. Os paparazzis viram tudo e venderam as imagens como verdadeiros abutres em cima da carniça.
O pensamento de que Mel poderia estar se culpando pelo que houve me atordoou, pra completar ainda tinha toda essa situação com a impressa. A própria Mel já havia sofrido na mão dos sanguessugas da mídia e o fato da imagem dela estar novamente na mão deles me desagradava demais.
- Esses infelizes...
- A coisa realmente tá séria, amigo. Os jornais acusam o Sérgio de ter sido o mandante do crime, mas até agora nada foi comprovado. O atirador se recusa a dizer quem o pagou.
- Mas o seu pai não irá desistir. – mamãe se manifestou, interrompendo o Pedro.
- Dona Gabriela, talvez fosse melhor deixarmos o Vinícius descansar...
- Obrigado, Thaís; mas já descansei o suficiente. – comecei a me levantar da cama. – Preciso procurar a Mal.
- Relaxa, maninho. – Vicente entrou no quarto seguido pela minha menina. – Sua garota está aqui.
- Oi, Pimenta!
- Oi! – seus olhos se iluminaram e o sorriso deixou seu rosto ainda mais belo. – Bianca, este é o tio Vini. Diga oi!
- É verdade, Bi, estou dodói; mas logo logo melhora.
- Tá doendo?
- Só um pouquinho.
- O beijinho da mami faz parar de doer.
Tive que sorrir com o comentário e percebi que, a exceção de minha mãe e de Thaís, todos no quarto estavam rindo também.
- Não duvido. Será que a sua mami me daria um dos beijinhos contra a dor se você pedir?
A menina balançou a cabeça dizendo que sim, em seguida pediu:
- Mami, dá beijinho no dodói do tio Vini pa passá a dô.
O sorriso que Mel me deu foi do tipo “Sei bem o que você está fazendo, seu espertinho!” , mas ela não recuou.
- Onde está doendo, tio Vini? – Mel perguntou.
Resisti à tentação de lhe dizer que a dor era em meus lábios, mas a forma como Mel ergueu a sobrancelha me fez repensar melhor minha escolha, afinal eu tinha amor à vida; por isso apontei para minha bochecha e recebi um sorriso em retribuição. Em seguida, os lábios de Mel aqueceram confortavelmente o meu rosto.
Uma tosse, seguida da voz de Thaís nos tiraram da nossa recém construída bolha familiar.
- Bem, está na hora de ir. – a garota colocou sua bolsa em seu ombro e caminhou até a porta. – Acredito que com o beijo e a companhia de Mel você ficará bem melhor. Bom dia!
As palavras de Thaís, deixaram a todos desconfortáveis. Minha mãe me olhou e balançou a cabeça em desaprovação, eu sabia que assim que tivéssemos a sós ela iria despejar suas frustrações sobre mim, mas por hora estava agradecido por ela se retirar. Depois que mamãe saiu atrás de Thaís, Pedro foi a procura da médica que estava me atendendo para saber se eu podia ir embora (reconheço que ele parecia bem interessado em ser o responsável por consulta-la a respeito de minha alta médica).
- Acho que ele gostou da doutora. – Mel comentou.
- Não posso culpa-lo. - Vicente emendou.
Ora, ora...
- Bi, que tal vir comigo tomar um sorvete na lanchonete?
- Com caramelo? – ela perguntou ao meu irmão.
- Isso mesmo, com caramelo.
A menina concordou e Mel a deixou ir nos braços de Vicente, mas não antes de dizer que a amava e de pedir para que ela se comportasse.
- Como se sente?
- Bem melhor, o seu beijo é realmente eficiente; mas acho que precisarei de umas doses mais fortes para me curar completamente.
A gargalhada de Mel encheu o quarto e eu me perdi em seus lábios. Depois de beijá-la precisei retomar o assunto que me incomodava.
- E você, como você se sente com tudo isso, como toda essa pressão da mídia?
- Não vou mentir e dizer que é agradável, porque não é. Mas pelo menos os holofotes estão voltados para a pessoa certa dessa vez. O Sérgio está nesse exato momento na delegacia, tendo que prestar depoimento sobre o caso e, se Deus quiser, é lá onde ele ficará.
- Não sabe o quanto fico aliviado por não ter acontecido nada com você.
A verdade é que desde que acordei não parei de pensar em como era agradecido pela bala ser direcionada a mim e não a Mel.
- O alvo do Sérgio é você, ele ainda está obcecado por mim.
- Mas é bom ele deixar de lado a obsessão, porque não estou disposto a te deixar escapar de mim. Eu te disse isso ontem, Paixão. Irei cuidar de você e da Bianca!
O sorriso no rosto dela era o bálsamo de que tanto precisava.
Pedro entrou no quarto acompanhado por Antonella. A médica era um verdadeiro deleite aos olhos. Uma negra alta, formas esguias e olhos intensos. Os dois ficavam muito bem juntos.
- Bom dia, Vinicius. Como se sente?
- Estou bem. – o olhar de repreensão de Mel me fez falar a verdade. – Na verdade a região da costela dói um pouco, mas nada insuportável.
- Bom, isso era esperado; afinal você foi baleado. Mas como a bala não se alojou, o machucado não foi muito profundo, porém precisou levar sete pontos. Se você se comprometer a tomar todos os medicamentos e não fazer esforço, para evitar abrir os pontos; não vejo motivos para mantê-lo aqui.
- Essa é uma ótima notícia. – falei.
- Pode deixar que irei cuidar para que ele não faça nada que o prejudique.
- Essa é uma boa notícia. – a médica respondeu com um sorriso à Mel.
- Na verdade, é uma promessa difícil de cumprir, doutora. Você sabe como casais em início de namoro podem ser intensos, certo?
Apesar da cor da pele da mulher, pude vê-la corar perante o comentário inapropriado de Pedro.
- Ai! –Pedro reclamou ao sentir o tapa que Mel lhe deu no peito.
- Bom, se me dão licença... Está aqui. Siga essa receita e não terá problemas. – disse ao entregar o papel à minha ruivinha.
- Obrigada.
Após ela sair, eu precisei dizer: - Você é um idiota!
- Sério, não é assim que você irá conquistar uma mulher como ela. –Mel reforçou.
- Quer apostar, ruivinha?
- Resposta errada, bonitão.
- Aceito a aposta. Acho que você não pega a médica!
- Não seja idiota, Vicente! Talvez demore um pouco mais do que o normal, mas Antonella será minha. – Pedro se vangloriou.
- Um pouco mais quanto? – meu irmão quis saber.
Pedro pensou, em seguida respondeu: - Quatro meses.
- Te dou dois.
- Sério isso? – perguntei.
- Se o Vinícius conseguiu a Mel em sete dias, eu consigo a Antonella em dois meses, no máximo.
- Então temos um acordo?
- Depende, qual será a aposta?
- Se você não conseguir, eu me torno o gerente do pub junto com você; mas se você conseguir, eu te dou o Mustang.
- Fechado! – Pedro concordou. É lógico que concordaria, ele sempre amou aquele carro.
- Vocês estão de sacanagem! – falei ainda sem acreditar que aquilo era real.
Selado o acordo, saímos do quarto e encontrei Mel e Bianca. Mãe e filha estavam rindo e brincando com um urso de plástico, desses que acompanham os lanches infantis nas promoções, que a garota tinha na mão.
- Oia o que o tio Vichente me deu! – disse me mostrando o bichinho.
- Que legal, miúda.
Abracei Mel com um dos meus braços e tirei um cacho que caia do rosto de Bianca com minha mão livre.
- Uma bela foto. – disse Pedro já guardando o celular de volta no bolso.
- Para onde vocês vão? – perguntou Vicente.
- Pensei que você podia ficar no meu apartamento... claro, se tiver tudo bem pra você.
- Assim está ótimo, Mel.
Depois que os meninos se foram; Mel, Bianca e eu aproveitamos o resto do dia para assistir filmes infantis, brincar de mímica e fazer o jantar (tá certo que Mel não me deixou fazer quase nada, mas só de estar perto dela e da filha já valeu). Após comermos, Mel colocou Bianca na cama e contou histórias para a filha dormir, eu fiquei observando o quanto aquela cena era natural, o quanto era certa, e agradeci a Deus pela oportunidade de poder testemunha-la. Uma batida na porta, me despertou daquela realidade.
- Pode deixar que eu abro. – falei já me afastando e indo em direção à porta.
- Oi, pai! – cumprimentei ao vê-lo perante mim.
- Oi, filho! – disse ao me abraçar. – Fico feliz que estejas bem.
- Não foi nada sério.
- Mas podia ter sido. Eu te avisei que essa gente é perigosa.
- Sim avisou.
- Cadê a Mel?
- Está no quarto fazendo a Bianca dormir. Como foi na delegacia?
- Complicado. Aquele infeliz não revelou quem o mandou atirar em você, mas ficou claro que não foi assalto. E dessa vez a impressa serviu para enrolar o Sérgio, porém ele usou o segurança, o tal de Vítor, como álibi e conseguiu se safar. Bom, por enquanto. Ainda tenho esperança de conseguir mais alguma coisa, e colocar aquele desgraçado atrás das grades.
- Então ele ainda está solto? – a voz de Mel nos surpreendeu.
- Está sim, Mel; quer dizer, consegui que ele passasse a noite na delegacia. Não me olhem assim, o delegado me devia uma. Mas amanhã de manhã ele estará liberado.
- Pensei que a Bianca fosse poder ficar comigo. – o semblante de Mel era de partir o coração e eu me aproximei dela para conforta-lá em meus braços.
- Na verdade, como ele está envolvido em toda essa confusão, mexi meus pauzinhos e convenci o juiz que o mais sensato seria lhe dar a guarda temporária da menina, já que o Sérgio é apontado como provável mandante de uma tentativa de assassinato.
- Mas você disse que ele tem um álibi, isso não o exime?
- Para ser sincero, - comecei – como o Vítor é um funcionário dele o álibi pode ser contestado. Ainda mais se não houver nenhuma imagem das câmeras de segurança ou outra testemunha para reforçar a história. – lancei um olhar para o meu pai esperando por sua confirmação.
- Não há nada. Só a palavra de um funcionário muito nervoso – o próprio Vítor.
Respirei aliviado. Tínhamos uma chance.
- Então a Bianca ficará comigo? – dava para sentir o quanto Mel tentava se controlar para não explodir de alegria.
- Pelo menos por enquanto.
O sorriso dessa vez não se escondeu e Mel pulou no pescoço de meu pai.
- Obrigada, Walter. Isso é mais do que eu já tive nos últimos anos!
A forma como ele a abraçava era afetuosa, havia um profundo carinho ali e me senti feliz por presenciar aquela cena. Após beber um pouco de vinho com Mel para celebrar sua pequena vitória, meu pai saiu. A sós, Mel aninhou-se em mim, tentando ser o mais suave possível para não me fazer sentir mais dor do que o esperado.
- Nossa, Vini! Quanta coisa aconteceu em minha vida desde que te conheci... Foram sete dias, em apenas sete dias tudo mudou... e foi graças a você!
- Sim, Pimenta! Em sete dias tudo mudou pra nós dois...- olhei em sua olhos para que nada escapasse, nem um traço de emoção poderia se perder - levamos sete dias para nos apaixonar.
- Para ser honesta, pra mim, foi menos do que isso!
Eu sorri.
- Pra mim também, Paixão!
Eu tinha em meus braços a mulher com a qual sempre sonhei, e naquele apartamento estava a família que eu não sabia desejar, mas que agora queria para mim. Não importa as lutas que teríamos que enfrentar, o que importa é que sete dias foram suficientes para saber que eu desejo muito mais tempo ao lado de Mel e de sua filha.
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu acho que comecei esse livro pelo fim kkkk amei o pouco que li da historia e não vejo a hora de ler ela completa. Assim que publicar no wattpad deixa o link aqui, quero segui e adicionar a historia na minha biblioteca assim vou poder ler mais a vontade. Beijos e Parabens!
Oi, Fabi! Obrigada, minha linda! Pode deixar que assim que publicar no Watt, deixarei o link para vocês acompanharem.
ExcluirBeijinhos!
Olá!! :)
ResponderExcluirEu já li! :) Não faz o meu género devo confessar, mas fazer o que? :) Nada a fazer mesmo... Mas gostei da leitura! :)
Flui bem, a escrita agradou, e concordo que os personagens cativam! :) Continua e traz mais ainda!! ahah
Boas leituras!! ;)
no-conforto-dos-livros.webnode.com
Muito obrigada por ter dado uma chance para o meu texto! É sempre bom quando encontro alguém que não curte muito o gênero, mas que mesmo assim é cativado pela estória, pela escrita e pelas personagens. A verdade é que vocês se tornam o grande desafio para os autores kkkk, então se eu consegui te agradar e te fazer querer ler um pouquinho mais... já ganhei o dia!!! Obrigada por deixar seu comentário.
ExcluirBeijinhos!😘💋