Por Claúdio Quirino

Fazia um tempinho que eu não conhecia um mundo tão particularmente interessante e socialmente real quanto à retratação fiel de uma favela carioca, mundo pelo qual o autor Sidney Amaral teceu uma história coerente, de um sensacionalismo formidável e – com aquilo que me chamaria mais a atenção – acompanhada de uma linguagem humorada e simpaticíssima.
Em Favela Paris (Editora APED), o leitor é rapidamente apresentado a três recortes de uma realidade diferenciada, vivenciada por três personagens que concebem seus pontos de vista através de uma narrativa com finalidades conclusivas; cada uma delas, concebe uma linha de raciocínio lógica, ética e de apresentação de características pessoais, visão de mundo e do próximo e, acima de tudo isso, entrega de perspectivas diversas. Ari (um pedreiro misteriosamente detentor de grandes conhecimentos de causa), tenente Carlos (um homem altivo, marcado por chagas da própria profissão e da crueldade da vida) e Jaqueline (administradora multimilionária que busca investimentos) revelam o quanto a vida nas favelas podem ser tragicamente transformadas a partir de uma impressionante idéia que, nem nos meus pesadelos mais inteligentes, alguém poderia supor ou desejar.
É, aqui, que a originalidade do enredo do romance ganha principal destaque, honrando sua proposta com debates políticos, coesos e que argumentam a sua escolha. Nada mais coincidente que amarrar a vida desses três personagens em uma improvável empreitada em que o sonho de mudar a cara das favelas cariosas. E quando digo mudar a expressão que as favelas atualmente denunciam, Sidney ousou ambientar cada aspecto e, com um primor técnico de linguagem de convencimento, entregou um livro que, apesar de tudo, ainda é cercado de muito mistério, tensão, cenas de cair o queixo.

Primeiramente, gostaria de elogiar sua resenha que é excelente, parabéns.
ResponderExcluirApesar da história parecer interessante, retratando a favela, essa parte tão discriminada, que alguns nem julgariam em falar à respeito, não despertou meu interesse.
Beijos,
orocardovento.blogspot.com